Noutro dia, a propósito das filas de turistas espanhóis na fronteira de Vila Real de Sto António, com vista ao pagamento das portagens para percorrerem a A22 dispersando-se pelo Algarve, dizia eu a um amigo:
Mas será que é necessário ser-se um engenheiro espacial para perceber que as portagens na A22 são um entrave ao turismo do qual o Algarve carece como de pão para a boca?
- Pelo contrário, é preciso é ser burro! Concluiu de imediato o meu interlocutor.
Custa-nos habitualmente (e a qualquer um intelectualmente sério) partir do pressuposto de que os governantes são burros. Queremos sempre partir doutro pressuposto que é o de considerarmos que não estamos na posse de todos os dados da questão e que, provavelmente nos falta alguma informação que justifica que o governante tenha agido assim, ou assado.
Na verdade, um tipo intelectualmente sério e não superiormente informado, parte mais rapidamente do principio de que é “burro” do que do pressuposto que o Governante não sabe o que faz!
Perante este enquadramento, o meu amigo, bem mais velho, ensinou: Os políticos erram mais do que nós. Quando nós erramos, erramos por incompetência, admitamos. Pelo contrário, quando os políticos erram, tanto pode ser por incompetência e nisso são como nós, como por interesse doloso. Por isso erram, pelo menos, em dobro!
Quando tiveres, depois de uma análise da situação concreta à lupa da razoabilidade, duvida acerca da burrice de uma medida qualquer, não tenhas duvidas, porque ela é, quase sempre, asneática, mesmo!
O que fica, também quase sempre, por saber, é se essa asneira tem origem na incompetência ou em dolo! E com esta se foi este amigo velho, com o ar tranquilo de quem falou do que já viu provado à saciedade.
Sem comentários:
Enviar um comentário