Um dos últimos episódios da crise nacional consistiu no pedido de ajuda ao Fundo Europeu e indirectamente ao FMI.
Em si, não nos escandaliza, nem o pedido de ajuda, nem a concessão da mesma.
Escândalo é, sem qualquer dúvida, a conduta dos diversos executivos e da classe politica em geral, que nos conduziu até aqui.
Mais escandaloso é ainda, se possível, o desplante de todos os lideres partidários e da classe politica em geral, a atitude e o discurso face ao “estado de sítio” económico e financeiro em que o pais se encontra.
A oposição, que chumbou o PEC 4 com o único objectivo de motivar a demissão do governo, apesar de saber de antemão que com o adiamento da implementação das medidas previstas no mesmo motivava um elevado acréscimo de prejuízo financeiro ao erário público e sem embargo de poder chegar ao seu objectivo (a demissão do governo) sem prejudicar a implementação imediata do referido plano, não agravando, por outra via, a situação financeira, não o fez, deliberadamente.
O pais e a nação não são, seguramente, as suas prioridades!
O governo que propôs o PEC4 tardiamente, depois de saber muito bem que as medidas previstas no mesmo já se justificavam de há muito, fê-lo depois de o ter negociado em segredo e nas costas de todos, sabendo muito bem que tal facto conduziria, muito provavelmente, ao que conduziu.
A oposição, agindo como agiu, para além do referido adiamento que motivou, deu a possibilidade ao governo de branquear a sua responsabilidade nos diversos défices e de se vitimizar, fazendo a opinião pública e publicada continuarem a concentrarem-se nos aspectos acessórios – as guerrilhas partidárias e as bizantinices constitucionais– em detrimento das questões essenciais como a profunda reforma de que o Estado carece, a conciliação dos interesses aparentemente inconciliáveis da contenção e do crescimento, a obrigatória mudança de paradigma.
O pais e a nação não são, seguramente, as suas prioridades!
A classe politica em geral, face ao presente cenário e apesar do mesmo, continua igual a si própria preparando-se para mais uma campanha eleitoral que pretende igual a todas as outras.
O pais e a nação não são, seguramente, as suas prioridades!
O FMI (para simplificar) não é um mal em si próprio! Nem vem ensinar-nos nada que já não soubéssemos!
Vem apenas garantir aos credores que nos portamos, face às circunstâncias que criámos, de acordo com o senso que se impõe em casas desgovernadas!
Irão os impostos aumentar? Talvez, mas tal só sucederá por termos gasto muito mais do que devíamos e podíamos!
Se a receita vier a aumentar em resultado de mais impostos, tal resulta de uma necessidade dramática e indecente gerada por gestões irresponsáveis e não por causa do FMI.
Irá reduzir-se a despesa? Provavelmente, mas tal só sucederá por termos gasto muito mais do que devíamos e podíamos!
Se a despesa vier a reduzir-se em resultado de cortes absolutamente necessários, tal resulta de uma necessidade de ajustamento entre a riqueza que geramos e o bem estar a que ela dá direito, não por causa do FMI.
O FMI que tem como finalidade garantir aos credores de Portugal que o pais está a gastar de acordo com o que produz, também nos garante a nós que a classe política está conformada pelo mesmo espartilho.
Não nos parece mal de todo, muito pelo contrário, sobretudo atendendo ao facto de já termos concluído que quer o governo, quer as oposições - a classe política em geral- não têm o pais e a nação, seguramente, como suas prioridades!
Portanto, incapazes para nos governarmos, temos a curadoria a que temos (por enquanto) direito: a do FMI!
É insanidade virarmo-nos contra o FMI, sem, pelo menos, nos repensarmos primeiro e, entretanto, demonstrarmos que temos capacidade para sermos autónomos e independentes!
Não nos parece porém que tal estado de consciência seja realizável com esta classe politica!
Afinal, não são só os políticos que fazem malabarismos de opinião!!!
ResponderEliminarFernando Ulrich (BPI)
29 Outubro - "Entrada do FMI em Portugal representa perda de credibilidade"
26 Janeiro - "Portugal não precisa do FMI"
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Santos Ferreira (BCP)
12 Janeiro - "Portugal deve evitar o FMI"
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25 Janeiro - "não recomendo o FMI para Portugal"
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