ou a redefinição do Velho do Restelo?...
As noticias sobre o estado da nossa economia e das contas públicas são, generalizadamente, preocupantes.
Há mesmo quem, com grande qualificação técnica, manifeste, em entrelinhas, sérias reservas sobre a verificação da ajuda europeia. Adiantam mesmo que não se encontra fora de cogitação despedirem-nos do grupo. Outros referem que o FMI tem uma posição mais realista defendendo condições de prazo e taxa de juro mais adequadas ao nosso padecimento, face ao que a própria Europa, mais inquisitorial e punitiva, deseja ver aplicadas.
Todos são unânimes acerca da responsabilidade incontornável da classe política nacional nas razões profundas da crise, assim como na subalternidade do seu poder no futuro próximo. Quanto a este em particular outros colocam sérias reticencias acerca do futuro do estado social e adivinham a natureza verdadeiramente simbólica das futuras pensões de reforma daqui a 10, 20, 30 anos, acusando os governantes de opacidade estrutural e deslealdade na omissão de aviso e verdade aos cidadãos, principais interessados, cerceando-os de meios de informação que lhes permitam orientarem as suas vidas e economias pessoais em conformidade. Falam ainda de uma nova divisão administrativa que conduza à “fusão” de várias autarquias (como nós, armacenenses, os percebemos e quão certos estão).
Tudo isto é triste, tudo isto é fado!
O Ministro das Finanças alemão e o líder partidário finlandês candidato eleitoral pelo partido de os “Verdadeiros Finlandeses”, por razões de politica doméstica ou outras que sejam, têm mostrado ao mundo também o conceito em que têm os portugueses, que é baixo.
Mas, convenhamos, os lideres portugueses têm feito por isso.
No entanto, estamos em crer que os portugueses, são muito mais que isso e podem fazer mais e melhor . O mesmo temos dificuldade definitiva em dizer acerca da classe política nacional. Na verdade consideramo-la indigna do povo que têm para governar, com o qual se têm governado.
O triste espectáculo que, apesar de tudo isto, mantêm em cena: Passos Coelho, Cavaco Silva e José Sócrates, é disso prova cabal.
Por tudo isto, Medina Carreira e a sua percepção realista sobre Portugal e a sua classe política é cada vez mais incontornável.
Indesejado como o Velho do Restelo, consegue provar, com a verificação dos seus receios que uma das personagens literárias mais odiada da nossa história, afinal tinha toda a razão, uma vez que, muito sensatamente, provavelmente cumprir Portugal teria trazido melhores resultados a todos nós, que cumprir os descobrimentos...
Sintomática é a reacção mais ou menos generalizada à sua leitura dos factos. Os portugueses não apreciam claramente a dureza da verdade. Nisso se tem acoitado a classe política, fazendo de tudo para irem mantendo o pagode entretido com a leitura distorcida que fazem do essencial.
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