O pais atravessa mais uma crise que se desenvolve agora acima das suas diversas crises estruturais, como, de entre outras, a da economia e a das suas elites e abaixo da crise internacional a qual é encimada pela profunda crise resultante do esgotamento deste sistema de desenvolvimento.
Sócrates será culpado de muita coisa, mas infelizmente não é o responsável por tudo isto.
Infelizmente, dizemos, porque se o fosse, com a sua demissão poderíamos augurar um passo importante num sentido diverso, provavelmente virado para um futuro que viesse a responder por esse nome.
Descendo à (nossa) terra: ocorre-nos de como vai ser interessante assistir à assinatura do PEC 4, pelo seu putativo sucessor e mais interessante ainda, assistir às voltas e reviravoltas utilizadas para vê-lo desaguar exactamente nas mesmas propostas de submissão às contingências da austeridade necessária ao equilíbrio financeiro do pais, a assegurar o “guarda chuva” europeu que nos proteja da chuva ácida dos mercados, e, naturalmente, a continuarmos a pertencer à Europa, dita rica.
Os socialistas reclamam que os sociais democratas continuam sem revelar uma ideia que seja para fazer diferente! Com razão pois ainda não ouvimos nenhuma. Com jeito ou sem jeito.
Recordamos a este propósito a recente qualificação, pela boca do grande dirigente e educador social democrata Alberto João Jardim, acerca da ideia de aumentar o IVA para 25%: Um perfeito disparate!
Ele lá saberá onde se sustenta a sua convicção, que não nos parece ser a mesma do putativo sucessor de Sócrates, o qual já afirmou com honestidade, adiante-se, que ninguém pode prometer não aumentar os impostos, denotando claramente muito pouca originalidade, senão mesmo uma perspectiva absolutamente vulgar do tipo mais do mesmo.
A máxima nacional acerca da sucessão das moscas, apesar do decurso dos anos, parece continuar a aplicar-se esclarecedoramente sobre a generalidade da nossa elite político-partidária, a qual, freneticamente, sobrevoam!
Passos Coelho com um percurso politico cuja biografia se encontra em tudo à altura de Felícia Cabrita, ao concretizar a ordem que os baronetes lhe deram de “chumbar” o PEC 4, sob pena de uma súbita e definitiva saída de cena, a conseguir o mais difícil e improvável, a maioria absoluta pela qual afirma vir a lutar, tentou salvar-se e não salvar o pais!
Não podendo invocar o passado para nos dar motivo de esperança, não podendo evidenciar um talento que, em tantos anos de actividade politico partidária, jamais revelou, não podendo contar com uma experiência profissional que não teve ou com o mérito de uma densidade intelectual que justamente não se lhe reconhece, resta-lhe o discurso e a vulgaridade dos lugares comuns devidamente personalizado, já que no que ao padrão de manequim da Rua dos Fanqueiros respeita, preenche todos os requisitos.
Só que, nesta carreira, as condições são-lhe mais desfavoráveis que a qualquer um dos seus predecessores, pois a situação do pais nunca esteve tão descoberta, o que lhe reduz dramaticamente a capacidade de intoxicação.
Não se lhe pode, lucidamente, augurar um extenso futuro politico.
Nem a Portugal enquanto estiver amarrado ao leme de tão insípido timoneiro!
Sem comentários:
Enviar um comentário