Infelizmente Portugal não conta com homens publicos de qualidade em número suficiente. Ou de homens privados com qualidade pública suficiente!
A demonstrá-lo está a situação em que nos encontramos, gerada por uma sucessão de homens de pouca qualidade ou de alguma qualidade mas pouco interessados em pô-la ao serviço das politicas que governam o pais.
É neste contexto que temos de valorizar a perda relativa que constitui a morte de Ernâni Lopes.
Admitamos que foi, como muitos dos seus alunos dizem, um professor brilhante. Só por aqui teriamos de lamentar o seu desaparecimento.
Na verdade se existem défices em Portugal, o de alunos bem instruidos por professores de qualidade será certamente um deles, senão o mais importante.
Admitamos que foi um bom ministro das finanças, durante um periodo de crise intensa e ajudou Portugal a integrar a então CEE.
Agradecemos o esforçado trabalho que prestou ao pais, com a competência e a seriedade que ninguém lhe nega, como a outros (provavelmente muito poucos) que, como ele, o terão feito.
Lembramo-nos uma frase de sua autoria, imediatamente após a conclusão do processo de integração europeia, que terá andado mais ou menos por isto: “Agora, todos em geral mas os senhores empresários em particular, retirem daqui as suas conclusões!”
As conclusões poderiam ser, entre muitas outras, de duas ordens:
a) De que, por um lado, passavamos a ser uma economia aberta, sem proteccionismos, que se iria confrontar com uma concorrência como nunca, até aí, tinha visto! e, uma outra, admitamos:
b) De que, finalmente, a economia portuguesa, ou alguns sectores da mesma, passavam, a partir daí, a dispôr de um mercado interno com uma dimensão enorme que não permitiria continuar a manter as “desculpas da pequenez do mercado” que justificassem a insignificância das nossas empresas e economia.
Teve um mérito raro (no cenário politico nacional) nesta atitude: Avisou expressamente, ainda que de uma forma que só poucos entenderam, afinal implícita, os portugueses do que por aí, realmente, viria!
Não avisou sobre a riqueza “virtual” que os fundo europeus constituiriam e que também aí viriam. Essa noticia fomos recebendo gradualmente como se tivesse sido obra de Cavaco Silva e do seu génio, como se de riqueza real se tratasse.
Avisou implicitamente que os empresários que não se soubessem adaptar a uma economia de mercado e de livre concorrencia soçobrariam, tal como vieram a soçobrar e massivamente assim continuam.
Avisou implicitamente que os fundos europeus se não fossem empregues na efectiva modernização da economia e seus agentes, não contribuiriam para reforçar a nossa capacidade empresarial de fazer face à concorrência europeia e com ela a nossa economia insignificante.
Fez assim o que se espera de um economista qualificado que contratámos para nos apoiar!
E, atendendo ao que é usual na classe politica no poder, não foi pouco!
Ernâni Lopes não foi D. Sebastião e bem podemos acusá-lo disso!
Ernâni Lopes não foi pai dos portugueses e bem podemos acusá-lo disso!
Mas Ernâni Lopes serviu muito bem, com entrega, seriedade e competência, para concluirmos que não podemos mandatar qualquer um para nos ajudar no Governo, na Assembleia ou em qualquer outro orgão eleito porquanto somos nós os pais de nós próprios e temos de ser nós a conclui-lo e a assumi-lo! De vez!
Infelizmente, e como é usual neste País, o reconhecimento só vem após a morte física dos reconhecidos!
ResponderEliminarPassamos a vida a idolatrar as "cassandras" que passam os dias profetizar o mais terrível dos infernos para o nosso futuro colectivo, mas que quando tiveram responsabilidades governamentais, fizeram o contrário do que hoje apregoam. Só para citar alguns que até enojam. João Cravinho, Medina Carreira, Maria Carrilho, Marques Mendes, Cavaco Silva - que devia lembrar-se da sua paternidade na "Progressão automática na função pública" "nas reformas por inteiro concedidas a milhares de funcionários (Lisnave/Siderurgia Nacional/Setenave e outros)longe de terminarem o seu período contributivo, ficamos todos a pagar as suas reformas douradas.
Ernâni Lopes, foi nos últimos anos um impulsionador da ideia -devidamente alicerçada - que o nosso futuro passava pelo desenvolvimento das actividades ligadas ao Mar! espero que os responsáveis deste País sigam, aprofundem e ponham em prática, as suas sapientes análises.
Seria a melhor forma de homenagear a memória de um português, sério, inteligente, honesto e dedicado ao engrandecimento da sua Pátria.
Luís Ricardo