sábado, 9 de outubro de 2010

Amar em Wall Street...

Constou-se-nos que terá sido publicado no prestigiado “Financial Times” a troca de comunicações que transcrevemos de seguida .
Se é verdade ou não, não podemos assegurar, mas que o autor revela um enorme e criativo talento humorístico, disso não restam dúvidas!!!




E-mail duma jovem para o FT:

"Sou uma rapariga jovem, linda (maravilhosamente linda), de 25 anos.
Sou muito bem apresentada e tenho classe. Quero casar-me com alguém que
ganhe no mínimo meio milhão de dólares por ano.

Há algum homem que ganhe
$500 mil ou mais nesse jornal, ou alguma mulher casada com alguém que ganhe isso e me possa dar algumas dicas?

Já namorei homens que ganham por volta de $200 a $250 mil, mas não
consigo passar disso. E $250 mil por ano não vão me fazer morar em Central
Park West.

Tenho uma amiga (na minha aula de ioga) que casou com um
banqueiro e vive em Tribeca!
E ela não é tão bonita nem tão
inteligente como eu.

Então, o que terá feito ela que eu não fiz?
Qual a estratégia correcta para atingir o meu desiderato?
Como poderei eu chegar ao nível dela? (Raphaella S.)"
________________________________
Resposta do editor do jornal:

"Li sua consulta com grande interesse, pensei cuidadosamente no seu
caso e fiz uma análise da situação.

Em primeiro lugar, eu ganho mais de $500 mil por ano. Portanto, não
vou fazê-la desperdiçar o seu tempo à toa...

Posto isto, considero os factos da seguinte forma: Visto da
perspectiva de um homem como eu (possuidor dos requisitos que procura),
o que a menina oferece é simplesmente um péssimo negócio!

Eis o porquê: deixando os rodeios de lado, o que me sugere é uma
proposta clara duma sociedade a dois, negócio simples e sem entrelinhas :
a sua quota é a sua beleza física e a minha, o dinheiro.

Só que há um problema que não lhe ocorreu.
Com toda certeza, o tempo diminuirá a sua beleza e um dia
acabará, ao contrário do meu dinheiro que, com o tempo, continuará
a aumentar.

Assim, em termos económicos, a menina é um activo sujeito a depreciação e
eu sou um activo que renderá dividendos. E mais, a sua depreciação será
progressiva, ou seja, aumentará sempre!

Explicando melhor, hoje tem 25 anos hoje e deve continuar linda nos próximos 5 ou 10 anos,
mas sempre um pouco menos cada ano que passa. No futuro,
quando se comparar com uma fotografia de hoje, verá que virou um caco.
Isto é, hoje a menina está em 'alta', na época ideal de ser vendida,
mas não de ser comprada.

Usando a linguagem de Wall Street, quem a tiver hoje deve mantê-la
como 'trading position' (comercializável) e não como 'buy and
hold' (compre e retenha), que é para o quê se vem oferecer...

Portanto, ainda em termos comerciais, casar (que é um 'buy and
hold') não é um bom negócio a médio/longo prazo! Mas alugá-la, sim!

Assim, em termos sociais, um negócio razoável a ponderar é namorar.

Depois de ponderadas ambas as posições, e pretendendo certificar-me do quão
'bem apresentada, com classe e maravilhosamente linda' que diz ser, eu, na condição de provável futuro locatário dessa 'máquina',
quero tão somente o que é de
praxe nestes casos:
Fazer um 'test drive' antes de fechar o negócio!
Podemos marcar?
(Philip Stephens, associate editor of the Financial Times - USA)"

2 comentários:

  1. O paradigma dos nossos tempos - elevado ao absurdo - mas no recôndito das nossas memórias, recordamos com certeza, na época em que a família era determinante na escolha do companheiro/a que deveria acompanhar-nos para o resto das nossas vidas - casar - que o património, a riqueza e até o dote a pagar, eram determinantes na escolha do par ideal. Essa coisa do "amor" da "paixão" e até da "beleza", eram só para fazer sonhar a adolescência, a realidade era muito mais objectiva e não se compadecia dos sonhos - esses eram mesmo só para sonhar, mas não viver - Depois de Maio de 68, grande parte da juventude criou novos padrões de relacionamento e critérios de vida. Os sonhos, as paixões e até as motivações sociais e ambientais, saíram das telas dos cinemas, das revistas cor-de-rosa, dos sonhos: e passaram a fazer parte do quotidiano dos jovens da época, e a comunidade de pensamentos e princípios, passou a ser o factor determinante para a escolha do parceiro/a para o futuro: foi a vitória do idealismo.
    Mas a triste realidade é que a ostentação, o poder, o ter; são cada vez mais factores de afirmação das figuras que nos apresentam com o "ideal" desejável.
    Os "yuppis" - "Os novo-ricos", as marcas, o património etc. São a imagem mais vendida pelos média, do "par ideal"- Mas quero crer que isso não passam de imagens de marca, e produtos do "marketing" duma sociedade que nos querem impingir.
    Eu continuo na minha, sem sonhos nem idealismos fúteis: VALE MAIS SÊ-LO DO PARECE-LO! E o que conta é o conteúdo e não o invólucro.

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  2. Boa Luis. Cá por mim: idem, idem, aspas, aspas.

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