terça-feira, 1 de junho de 2010

Uma Morada para o Sonho!...

Por um espaço de retém da memória colectiva

Hoje em dia, vivendo os atribulados tempos da sociedade da comunicação, que não é, infelizmente, sinónimo de sociedade da informação e muito menos de sociedade do conhecimento, vemos de grande utilidade veicular, a generalização da instituição dos “inúmeros” “Dias nacionais” ou “Dias mundiais” .

Um dos seus méritos é o de trazer de forma sintética – como de resto, nos meios de comunicação de massa, só assim é possível - ao consciente das pessoas uma informação, um facto, uma mensagem, um alerta, visando: sensibilizar, estimular, motivar, participar, agir, progredir, rejeitar, consagrar, respeitar, numa palavra, melhorar as atitudes em geral no sentido socialmente correcto ou generalizadamente aceite como tal.

Tudo à laia de uma mensagem curta mas impactante que concorra, tão eficazmente quanto possível, com os cardumes das mensagens publicitárias que nos crivam diariamente, como se de um fuzilamento permanente se tratasse.

As efemérides ainda comportam outras virtualidades. Elas despertam muitas consciências fazendo-as trazer, outras tantas vezes da sub cave de cada uma, a emersão de muitos astros que se eclipsam durante o seu percurso pelas rotas do seu universozinho.

As celebrações, por seu lado, desde que concretizadas, constituem factores de dinamização social, verdadeiros cursos de participação e, nesse sentido, antecâmaras pedagógicas de cidadania activa. Sobretudo, pela importância relativa que assumem, em pequenas Vilas, como a nossa.

A exposição que decorre até ao dia 9 de Junho na Escola E.B. 2,3 Dr. António da Costa Contreiras, motivada pelas celebrações do Dia Nacional do Pescador, tem recebido dos visitantes os mais rasgados elogios, aliás muito justamente e constitui um bom exemplo do que preteritamente referimos.

Constitui ainda um bom exemplo de uma concepção de escola menos míope que aquele que se encontra, mais ou menos generalizadamente, arreigado nos cidadãos.
A miopia é um defeito de refracção que causa má visão ao longe

Uma escola não é só um local, de preferência com as melhores instalações e cómodos, onde podemos deixar os filhos vigiados, de preferência com um policia à porta ou no mínimo a rondar a zona, durante uma boa parte do dia, de preferência até à hora do jantar, onde entretanto recebem informação, cuja recepção deverá ser avaliada com tolerância e rapidamente certificada, porquanto o educando tem mais que fazer depois disso.

Uma escola terá necessariamente de ser muito mais que isso e, nalguns casos muito menos que isso, se quisermos ter cidadãos que alicercem um país muito melhor que aquele que diariamente criticamos.

Conhecemos muito pouco acerca da Escola E.B. 2,3 Dr. António da Costa Contreiras, mas ficámos a saber, a pretexto do Dia Nacional do Pescador que, em algum lugar do seu conceito de Escola, se encontra a integração interactiva na Comunidade que serve, a contribuição para a dignificação da memoria da fundação da Vila onde se insere e a ambição de fazer mais que aquilo que, hoje em dia,se espera de um estabelecimento de ensino oficial.

Mas, a pretexto do Dia Nacional do Pescador e da exposição em causa, ainda fica mais desnudado o eterno confronto entre o que é a nossa Vila e o que poderia ser!
Ouvimos, sentimos e sonhámos com a ideia de conservar esta evocação da memória em lugar próprio que permita uma visita permanente aos saudosos, aos curiosos, a todos enfim.

Ouvimos, sentimos e sonhámos que é possível ampliar este espólio pela generosidade de alguns, meticulosos guardadores de memórias.

Do antigo posto da Guarda Fiscal ao Casino, passando pela praça velha, várias foram as sugestões que ouvimos para morada do sonho e retém da memória.


Vimos e sentimos que Armação de Pêra tem raízes, tem povo, tem memória, tem história e gostaria de zelar por ela.

Temos razões de sobra para agradecer a todos os que, a pretexto de uma comemoração, evidenciaram iniciativa, mobilização e realização e revelaram que Armação de Pêra, afinal resistiu.

6 comentários:

  1. O antigo posto da Guarda Fiscal seria o sítio adequado não só para uma exposição permanente, mas, e sobretudo para implementação de uma casa museu viva e interactiva, com a participação permanente dos mais antigos, a darem explicações sobre os seus ofícios, saberes e competências adquiridas ao longo da vida. Dando-lhes a dignidade que merecem, em vez de os ver por ai perdidos pelos cantos, fechados em casa ou jogando às cartas para matar o tempo que lhes resta. Em colaboração com a Escola E/B 2/3, criar interactividade entre os mais novos e os mais velhos. Os mais novos ensinando-lhes como se envia um Email,se navega na internet, ou até como se usa um telémovel , e em contrapartida aprendendo, como se talha uma vela, como se navega à bolina, como se faz um barco ou uma arte de pesca. Valorizando, criando diálogo e respeito e sobretudo aprendendo uns com os outros. Porque a validade dos conhecimentos antigos não está fora de prazo.É uma mais valia para quem os entenda e saiba utilizar, tal como as novas tecnologias o são para quem ainda não se sabe servir delas.
    É uma oportunidade única de se fazer alguma coisa cultural e digna para as gentes desta terra, e sobretudo para os pescadores que bem merecem uma justa homenagem pela labuta dos de agora e dos seus antepassados, que deram nome e razão de ser a Armação de Pêra.

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  2. Claro que sim. O antigo quartel da Guarda Fiscal será o local indicado, uma vez que já para lá está(?) previsto o museu.

    A Escola deveria participar, no minimo promovendo visitas de estudo todos os anos aos seus alunos.

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  3. Tendo em consideração as ideias defendidas pela vereadora da cultura da C.M.S., Manuela Guerreiro,esta é uma oportunidade de passar para a realidade o que a própria defende.

    Passo a citar,
    "Os elementos distintivos das cidades prendem-se com o seu património cultural nas suas mais variadas vertentes -arquitectura e hurbanismo,memória histórica e social,gastronomia e paisagem.Os recursos culturais tornam -se factores criticos de sucesso na construção da "cidade criativa" e a "classe criativa",sobretudo ligada às indústrias culturais,desempenha um papel central no seio das políticas urbanas."
    Texto publicado no site da revista Exame e jornal Expresso, a 13 de Julho de 2009.

    Tendo em conta esta visão, com a qual concordo, em absoluto,resta aos Armacenenses contribuirem para a dignificação da comunidade piscatória da vila ,que como diz o Luis Ricardo,e muito bem,foram os pescadores que deram nome e razão de ser a Armação de Pêra.

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  4. Não nos fixemos só nos pescadores. Sim. Deram razão à existência de Armação e é bom que isso seja recordado e revelado com primor por todos. Porém Armação já é muito mais que os pescadores. Outras entidades têm ido construindo esta terra onde impera a vontade de se revelar, mas onde ainda se sente que essa vontade sendo em uníssomo, não tem a capacidade suficiente, ou pelo menos não revela a capacidade de se virar toda para se elevar sem guerrilhas e puzles , formados em salas de abundantes jogos paralelos, que desvinculam ou levam à desvinculação das vontades em espera. Armação são os pescadores, mas outras identidades lhe são paralelas. Não puderemos descurar esse facto e agarrarmo-nos apenas a esse sector da pesca. Há mais vidas que em paralelo com as dos pescadores elevam esta terra para a sua projecção no Mundo. Sim, o mar tem nela os seus tesouros e incomensáveis belezas locais, esquecidas pelos governantes locais. Sim, tem gastronomia, apenas lembrada no dia da caldeirada anual a qual até já vai perdendo prestígio. Sim, tem uma frente de comerciantes que precis de ser modernizada, ajudada a manter e desenvolver-se de acordo com estes novos tempos. Sim, precisamos de separação de lixos de forma organizada e distribuida de acordo com o desenvolvimento que a terra vai tend. Sim, precisamos de espaços para os jovens,e que vontade de rir, não apenas futebol.A sociedade não constrói cidadãos a correr só atrás de bolas. Sim, precisamos de gente que saiba olhar por cima das torres que continuam a construir-se e que vejam mais além que apenas cimento e dinheiro. Sim, precisamos que cada armacenense comece a ter oportunidade de se sentir algo mais do que um número que consta para pagar outros números, sem ter onde ir buscar os mesmos para realizar tais pagamentos. Sim, precisamos de postos de trabalho. Sim, precisamos de descentralização de seviços para que Armação comece a projectar-se como uma terra onde apetece vir morar e trabalhar. Sim, precisdamos de partkidos que lutem pelos problemas de Armação e não se juntem apenas para olhar para alcançar objectivos que dizem respeito aos seus próprios umbigos. Sim, isto é mais do que um desabafo, é uma crítica à comédia que se arrasta e que acaba por dividir cidadãos sem que haja proveito colectivo. Tudo vale a pena se alma não é pequena. Eu direi que tudo vale a pena mesmo que a alma seja pequena, mas que sejam muitas de "mãos dadas" a querer que valha a pena.

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  5. Não somos nós que nos estamos a fixar nos pescadores,são eles,os homens maus,os que comem tudo.
    Percebeu ?

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  6. Não, não. Há muito gente a fixar-se nos pescadores. Os homens maus são todos os oportunistas que de repente desataram a aproveitar-se dos pescadores, e algo me diz que é toda a gente que se arma em sua defesa, mas sem banderira. Ainda se mostrassem no dia a dia que realmente eles fazem parte daquilo que é uma justiça à espera de resposta, mas não. Apenas dois ou três aqui são parte real desse propósito e por isso, eles comem tudo e não deixam nada já é uma generalidade e das grossas.

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