quarta-feira, 28 de abril de 2010

"O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano." Isaac Newton


Excelentíssima Senhora Deputada Dona Inês de Medeiros,

Chère Madame,

O IRRITADO teve, aqui há umas semanas, o topete de escrever uma carta a Vossa Excelência sobre a importante matéria das viagens semanais de Vossa Excelência, em classe executiva, a Paris, luminosa quão merecida cidade de residência de Vossa Excelência.

Permite-se agora o cullot de voltar à augusta presença de Vossa Excelência.
Antes de mais, portanto (como diria o camarada Jerónimo), as mais humildes desculpas pelo atrevimento deste seu servo e amigo.Tem o IRRITADO seguido, com a admiração e a estima que, no fundo da alma, nutre por Vossa Excelência, as vicissitudes por que tem passado a história do ingente problema que a aflige: quem paga as viagens de Vossa Excelência a Paris?

Sim, Quem?Parece que ninguém!

Anda meio mundo preocupado com o assunto, sendo o mais aflito de todos Sua Excelência o Senhor Deputado José Lelo[i], mui Ilustre Presidente do Conselho de Administração da Assembleia da República, entidade a quem, sem sombra de dúvida, caberá mandar pagar as viagens de Vossa Excelência.

Ora, como é sabido, o insigne cidadão tem várias dificuldades do tipo mental, coisa de que não terá culpa, uma vez que já nasceu assim. Daí que, por mais voltas que dê ao limitado bestunto com que foi brindado pela criação, não consegue encontrar o competente penduricalho orçamental onde caibam os 1.200 euros que custa cada viagem/semanal em executiva (luxo!) de Vossa Excelência.

Em que triste miserabilismo vive a Pátria do Senhor Dom João V!

Se Vossa Excelência andar por cá uns 10 meses por ano, teremos umas 45 viagens, o que, contas feitas, se cifrará nuns meros 54.000 euros, ou seja, em moeda antiga, uns míseros 10.826.028.000 réis.

Em 4 anos de mandato, a coisa não passará, como é evidente, de 43.304.112.000 réis, ou, em moeda republicana, 43.304 contos mais uns pós.Tem Vossa Excelência toda a razão quando, solene e superiormente, declara "não sei quem paga nem quanto custa".

Era o que faltava, Vossa Excelência preocupar-se com problemas destes, coisa para lelos e quejandos, gente de somenos. Vossa Excelência não sabe, nem tem que saber, o valor em jogo. "Nada disso passa por mim", declarou. Mais. Vossa Excelência, como é de timbre entre os socialistas, não se preocupa com o assunto.

"Escolhi uma (agência de viagens), e passei a marcar por essa: telefono e recebo os bilhetes". É assim mesmo! A altíssima dignidade de Vossa Excelência não permite, sequer, que erga o mimoso cul da poltrona para tratar de coisas menores.

Como é óbvio, alguém traz o bilhete, alguém há-de pagar, Vossa Excelência não desce a problemas de lelos. Viaja, e acabou-se. Muito bem!Teve o IRRITADO a desfaçatez, na sua anterior missiva, de suscitar a curiosidade de Vossa Excelência para o facto de haver cidadãos - ainda que, como é lógico, gente de qualidade inferior à sua - que fazem Lisboa/Paris/Lisboa por uns 150[ii] euros, no mesmo avião que Vossa Excelência utiliza, mas lá para trás, com o cul não tão à larga e sem champanhe nem refeição quente.

É certo que Vossa Excelência não tem que descer ao ponto de aceitar sugestões do IRRITADO. Não pode este, porém, deixar de, com todo o respeito, dizer que, se Vossa Excelência o fizesse, o Lelo gastaria 14,5 vezes menos do que vai acabar por gastar com as viagens de Vossa Excelência.

Tudo isto não passa, como é evidente, de fruto da mentalidade capitalista do IRRITADO, coisa incompatível com a majestática dignidade socialista de Vossa Excelência.

20.3.10 António Borges de Carvalho
________________________________________________
[i] Lelo - doido, vaidoso (Dicionário Universal da Língua Portuguesa, Texto Editora).
[ii] Algo me diz que Vossa Excelência, antes de subir ao altar doirado em que se encontra, viajava por 150 euros, como a plebe. Agora, já nem quer saber quanto custa, ou custava, a sandocha e o assento apertadinho. Pois faz Vossa Excelência muito bem! Socialisme oblige.

1 comentário:

  1. Praia da Rocha: Estava dado como desaparecido pela família há mais de um ano

    Jovem agride PSP

    Um jovem de 17 anos, de Silves, dado como desaparecido pelos pais há mais de um ano, foi detido, na madrugada de domingo, pela PSP de Portimão, na Praia da Rocha. A detenção ocorreu depois de ter agredido um agente que procedia à sua identificação.


    Segundo fonte do Comando de Polícia na região, N. foi detectado, com mais dois amigos, por elementos da Esquadra de Investigação Criminal que procediam a uma acção de prevenção de roubos na zona.

    O avançado da hora (cerca das 03h00) e o local (junto ao Miradouro) onde os três jovens se encontravam despertou as suspeitas dos agentes, que os abordaram a fim de os identificar. Foi quando um dos polícias já tinha o Bilhete de Identidade (BI) de N. nas mãos que este reagiu com violência, ao que tudo indica com o objectivo de evitar ser identificado.

    "O suspeito agrediu o agente nas costas e arrancou-lhe, à força, o documento que ele já tinha nas mãos, pelo que foi manietado e detido", referiu a mesma fonte, segundo a qual o rapaz "ainda ameaçou e agrediu o agente a murro e pontapé, antes de ser imobilizado". O agente sofreu alguns hematomas e escoriações mas não necessitou de receber tratamento hospitalar.

    A PSP confirmou que o jovem constava "no Sistema Schengen como desaparecido, por participação dos familiares junto da GNR de Silves". A família foi alertada.

    O detido foi notificado para comparecer, ontem de manhã, no Tribunal Judicial de Portimão, onde se iniciou o julgamento em processo sumário. O julgamento vai continuar no próximo dia 6 de Maio, informou a PSP.

    ResponderEliminar